sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Vinícius de Moraes - Soneto de Fidelidade

Ai, ai...

Raul Seixas - Maluco Beleza

Dedicada ao "Banco de Portugal"

Serviço público: Miradouros perigosos





São muitas dezenas de miradouros existentes na Madeira, mas há uma boa percentagem destes espaços de observar a natureza que não oferecem as mínimas condições de segurança a quem os procura, sejam eles turistas - normalmente arriscam mais - sejam madeirenses.

O DIÁRIO fez ontem uma ronda por diversos locais de habitual paragem dos visitantes e residentes que apreciam o que de melhor a ilha tem (e não falamos aqui do Porto Santo, que também tem os seus miradouros).

Uma constatação óbvia: há perigos à espreita e o caso que, quarta-feira, aconteceu no Caniçal, onde uma jovem perdeu a vida, pode repetir-se. Ou, pelo menos, há um potencial de risco que pode ensombrar um dos atractivos turísticos da Madeira.

Outra constatação: além dos locais de observação da vista em segurança, os sete locais onde passámos dão acesso a zonas não resguardadas, sem sinalização de aviso ao perigo e, em alguns, há um convite velado à exploração das arribas das falésias.Por fim, não há que esquecer a natural prudência de quem procura estes locais. E, pelo que observámos, há quem arrisque, mesmo não conhecendo o terreno ou as condições atmosféricas propiciadoras de acontecimentos trágicos como o já referido.

Cabo Girão, Fajã dos Padres, Ponta do Pargo, Santa do Porto Moniz, Seixal e Faial foram os locais onde notámos o potencial perigo e onde milhares acodem todos os dias da semana, todas as semanas do ano, há muito tempo.

À questão: "Não assusta estar à beira do precipício?", normalmente a resposta é: "Sim, assusta! Mas é preciso ter cuidado" ou "nem por isso. Não me aproximo da berma, pois sei que o azar pode acontecer". Estas foram algumas das respostas que fomos recolhendo.

A pior de todas as constatações é que, de facto, há uma notória falta de manutenção destes pontos turísticos. Temos um recente e bom exemplo, no miradouro do 'Véu da Noiva', onde foi construída uma plataforma em cimento e ferro que, aparentemente, garante a segurança dos visitantes.

No farol da Ponta do Pargo, temos um caso parecido com o do Caniçal. Após o muro de cimento, toda a gente percorre um trilho que vai dar à falésia. A vista é arrebatadora, mas o perigo é uma realidade que nunca pode ser descurada. Nos outros casos, a falta de limpeza e muita coisa por arranjar ou melhorar seriam obra não visível, mas essencial a quem de direito.


"Diário de Notícias da Madeira" - 07-09-2007

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Chico Buarque - Construção

Pra mim, dos melhores "cantautores" de sempre. Paixão antiga...

Maria Bethânia -

A versão da Bethânia. Porque há coisas intemporais...

Nã vou!!

Cântico Negro - Poemas de Deus e do Diabo- José Régio

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:

Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!

Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!

Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou - Sei que não vou por aí!