quinta-feira, 31 de maio de 2007

Pico do Arieiro ao Pico Ruivo

Por enquanto é o "antes"...

Salvaguardar a nossa paisagem e a nossa qualidade de vida!



















Para que isso aconteça, é urgente impedir a colocação dum radar com fins militares, de utilidade duvidosa, no Pico do Arieiro.
Porque é algo que a todos nos diz respeito.
Leia o documento e a petição online:
http://www.petitiononline.com/radmad/petition.html

Objects




...é o blog de um artista chamado Terry que cria pequenas e interessantes esculturas com objectos do dia-a-dia.
Mais aqui.

O Centro das Artes Casa das Mudas






Quando falei dos Museus da Madeira, não falei do Centro das Artes Casa das Mudas, porque é um espaço tão bonito que merece um post só pra ele.

Fica localizado no concelho da Calheta, na Zona Oeste da Madeira, a pouco mais de 20 minutos de distância da cidade do Funchal, o Centro das Artes Casa das Mudas, representa, seguramente, um dos investimentos mais importantes da Sociedade de Desenvolvimento Ponta do Oeste, S.A. e a sua singularidade, desde logo presente na estrutura do edifício, decorre da missão que lhe está acometida: sensibilizar e interessar o público para as artes em geral e para a arte moderna em particular.
A localização, intencional, do Centro das Artes no concelho da Calheta, vem aprofundar o conceito de descentralização e democratização do acesso à cultura, num espaço que se pretende aberto e em permanente construção.

O Edifício e a Construção

O Centro das Artes Casa das Mudas, da autoria do arquitecto Paulo David, nomeado para a edição de 2005 do prémio europeu de arquitectura contemporânea Mies van der Rohe, conta com uma área coberta de construção de 12.000m2, tendo sido construído como expansão da já existente Casa da Cultura da Calheta.
Com um núcleo de construção completamente novo e autónomo, o novo Centro inclui área para exposições temporárias e permanentes, auditório, biblioteca, loja/livraria, cafetaria, restaurante, áreas de administração, uma ampla zona de animação cultural com ateliers e oficinas artísticas e um parque de estacionamento subterrâneo com capacidade para 92 lugares.
O edifício foi concebido de modo a criar um ambiente sóbrio e aprazível, proporcionando perspectivas de visão a partir do interior, sobre o mar e as encostas circundantes. Ao nível da construção importa destacar um conjunto significativo de aspectos que traduzem a dimensão desta obra. Na sua construção foram adoptadas soluções técnicas que permitissem garantir a funcionalidade dos espaços criados e o melhor enquadramento possível do edifício no espaço envolvente.

Os principais objectivos deste Centro:
. Aprofundar a descentralização da oferta cultural, criando na Zona Oeste um projecto com sentido e relevância para a Região Autónoma da Madeira;
. Desenvolver uma política inclusiva em termos de oferta cultural, que permita a diferentes grupos o acesso à cultura, ao lazer e à produção artística e cultural;
. Estimular a intervenção artística e a criatividade junto de diferentes grupos etários;
. Incrementar a oferta de actividades de educação e formação através da arte que contribuam para a formação de novos públicos;
. Conservar e aumentar o património artístico e cultural dos Madeirenses.

A Exposição Grande Escala da Colecção Berardo

A Colecção Berardo, uma das maiores colecções de arte contemporânea a nível mundial, abrangendo movimentos artísticos significativos do século XX, como a Pop Art, o Foto-realismo ou o Minimalismo, constitui um bom motivo para a realização de visitas regulares a este espaço, pela dimensão e variedade das obras e pela diversidade de blocos cronológicos e tendências que permitem observar distintas correntes, movimentos e linhas de investigação artística.
O novo ciclo que agora se inicia, abre portas com uma oferta igualmente imponente: a “Grande Escala” da Colecção Berardo. Resultado de uma difícil selecção de obras de arte, feita em diálogo com um Madeirense a pensar nos seus conterrâneos, e naqueles que nos visitam, a “Grande Escala” marcará seguramente a vida e o sentir dos Madeirenses em relação à arte, que podem observar na Calheta o génio de Picasso e a singularidade da obra de Francis Bacon.

Deixe-se inspirar pelo pluralismo da criação cultural no Centro das Artes Casa das Mudas, que nos proporciona uma visão diferente sobre a criação contemporânea e sobre a importância da cultura para o exercício pleno da cidadania.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Patrick Wolf - The Magic Position

Gosto...

Vizinhanças.


És um bom vizinho? Pensa e responde com honestidade:
Quando saíste de casa cruzaste-te com algum vizinho. Cumprimentaste-o? Com que frequência falas com ele? Ao menos, sabes quem ele é? E o cenário de ir à casa do vizinho pedir uma chávena de açúcar, parece-te distante, típico de bairros antigos? Se as tuas respostas foram negativas, fica a saber que não és o único que não conhece nada acerca dos seus vizinhos.
Conscientes de que o sentido de vizinhança tem vindo a perder-se, a Câmara Municipal de Lisboa, a Gebalis e algumas juntas de freguesia do país juntaram-se em torno da iniciativa do Dia Europeu do Vizinho. Programada para 29 de Maio a festa, foi apresentado antecipadamente à imprensa aquilo em que consiste o Dia Europeu dos Vizinhos.
O nosso país adere pela terceira vez à festa do vizinho, uma iniciativa da FESP, Féderation Européenne dês Solidarités de Proximité, e do CECODHAS. P – Comité Português de Coordenação da Habitação Social.
O Dia Europeu do Vizinho pretende promover os bons costumes de vizinhança, ou seja, a proximidade e solidariedade entre os moradores. A solidão, a exclusão social, a falta de conhecimento do outro e a insegurança que daí advém são desafios que o Dia quer superar.
Os tempos modernos mostram que o não conhecimento do outro é cada vez mais um denominador comum. Depois de oito horas de trabalho, em que se sai de manhã de casa e volta-se já ao fim da tarde, é difícil cultivar uma relação de proximidade com os vizinhos. O que se agrava nos grandes centros urbanos onde a azáfama do quotidiano é maior e os vizinhos são em número excedente. Torna-se, portanto, natural que no mesmo prédio o vizinho do primeiro andar não conheça o do sétimo.
E agora, da próxima vez que vires o teu vizinho qual vai ser a tua atitude?
Lembra-te que:
. Antes mau ano que mau vizinho.
. Mais vale um vizinho à mão, do que ao longe o nosso irmão.
. Ninguém se ria com o mal do vizinho, que o seu pode vir a caminho.
. Quem tem telhados de vidro, não deve atirar pedras ao do vizinho.
. Antes de olhares a casa conhece os vizinhos.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Dia Internacional dos Museus




Autênticos pedaços da cultura e história do arquipélago encontram-se espalhados pelos vários espaços museológicos, concentrados essencialmente na cidade do Funchal. Alguns destes museus possuem um acervo valioso de pintura, escultura, ourivesaria e mobiliário com vários séculos e que fazem a história da Ilha. E porque não conhecer primeiro o que está mais perto de nós, e que por vezes esquecemos? Então:

No Museu de Arte Sacra e no de Arte Contemporânea podem apreciar-se valiosas obras de pintura, sendo de destacar a colecção de pintura flamenga existente no primeiro.

No Museu da Quinta das Cruzes e na Casa Museu Frederico de Freitas merecem destaque as obras de arte religiosa, mobiliário antigo e azulejaria.

No Photografia Museu Vicentes, encante-se com as fotografias antigas do único museu de fotografia existente em Portugal e o primeiro estúdio fotográfico criado no país em 1848.

O artesanato e a sua história, com os bordados, um exemplo de reconhecido valor, estão preservados em vários museus sendo o principal o Núcleo Museológico do Instituto do Bordado, Tapeçarias e Artesanato da Madeira.

As actividades que ao longo dos tempos foram a base económica da ilha encontram-se também preservadas em variados museus. Visite o Museu da Madeira Wine e o Museu da Cidade do Açúcar. A caça à baleia, em tempos uma actividade importante na economia da ilha, encontra-se registada no Museu da Baleia do Caniçal.

O Museu da Electricidade do Funchal - Casa da Luz, situado exactamente no local ocupado pela Central Térmica do Funchal desactivada desde 1989. O seu espólio é composto por modelos raros de máquinas e aparelhos com mais de meio século. As instalações têm uma arquitectura que não altera as estruturas originais, e uma configuração, em termos de distribuição dos espaços interiores, que o torna dinâmico e didáctico.

Faça uma verdadeira viagem no tempo, de forma descontraída e interactiva, no Madeira Story Centre e conheça toda a História da ilha.
Salão Erótico de Lisboa - Portuguesas mais atrevidas que espanholas. Quem diria, hein?!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

DRENe-se!

Portugal tem uma relação íntima com os bufos. Ou os bufos com Portugal, vá.
A PIDE não era apenas uma polícia política que chafurdava, perseguia, prendia e mandava matar. A PIDE era, sobretudo, o depósito da recolha pormenorizada das indiscrições e desvios, públicos e privados, que cidadãos anónimos, diligentes e respeitáveis, recolhiam acerca de vizinhos, amigos e conhecidos nas horas do seu vagar.
Os agentes da PIDE, encartados, só podiam ser do piorio - como foram - porque havia carradas de bufos à disposição. Na repartição, no gabinete, nas redondezas, na família e até no confessionário. Com um exército voluntário de verdugos, até eu montava uma polícia política com uma perna às costas. Em democracia e sem se dar por isso.
Uma vez, tentei chegar à fala com um «pide», conhecê-lo por dentro. Não digo «ex-pide», claro. Pode ser-se ex-marido, mas nunca ex-facínora. Trabalhava ele numa junta de freguesia do Norte do País, a secretário. Sem se notar. Como sempre. Pedi-lhe uma entrevista sobre os «velhos tempos», mas ele só queria falar dos novos. E mandou-me pregar para outra freguesia, convertido que estava à democracia de paróquia.
De há uns tempos para cá que venho alertando aqui mesmo para a proliferação dos «pides» de gabinete e de corredor que por aí andam, esses sim, verdadeiramente perigosos e activos, especialistas em ar rarefeito. À beira deles, o PNR mete tanto medo como um gambozino.
Em democracia ou na falta dela, os bufos estão sempre à espreita de um passo em falso do colega do lado. Uns são de antigamente, outros aprenderam andando. Ah! E imitam-se uns aos outros. Um bufo de sucesso tem sempre um regimento por conta de bufos juniores, prontos a aprender com o melhor.
De uma maneira ou de outra, andam aí, empenhados no seu dever, apenas um tanto desorganizados. Os bufos não têm Ordem, nem sindicato. Ainda. Não são um lóbi, não têm sede, nem estatutos. O que dificulta, pelo menos, a construção de uma base de dados sobre os maus comportamentos a vigiar. Mas ao menos o disfarce é garantido.
Não é estranho, claro, que no caso do professor Charrua apanhado a contar uma suposta anedota insultuosa sobre o Primeiro-Ministro se tenha falado de tudo menos do bufo ou dos bufos de plantão. Já se defendeu a demissão da directora regional e saiu-se em defesa do antigo deputado do PSD. Mas os bufos, impávidos e serenos, passam pelos pingos de chuva sem se molhar.
Eficientes e discretos, como sempre.
E não se pode DRENá-los?
Miguel Carvalho - Visão

Dia Internacional das Crianças Desaparecidas


25 DE MAIO - Dia Internacional das Crianças Desaparecidas

II Conferência Europeia "Crianças Desaparecidas e Exploradas Sexualmente", em Lisboa.
Local: Novo Auditório da Asssembleia da República, Praça de São Bento, Lisboa
Organização:Instituto de Apoio à Criança
Contactos:Instituto de Apoio à Criança

Largo da Memória, 141349-045 LisboaTel: +351 213 617 880fax: +351 213 617 889
site: http://www.iacrianca.pt

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Sem rascunho.

Pena que a vida não seja um rascunho.
Não temos a chance de passar a limpo...
...


Tou a precisar duma ajudinha destas personagens...

segunda-feira, 21 de maio de 2007

RIP de blogues, O final?

Hoje não é o melhor dia pra postar. Porque tou triste. A vida é safada, sim. E há prioridades.
Mas há também uma coisa que me preocupa: os funerais dos blogues.
E quando os donos não têm coragem de "deleitar" os seus blogues? É porque sinceramente, dá dó.
Ver tantos blogues mortos e sem uma palavrinha de conforto. Adeus e pronto. Esquecem-se. Cretinos! Matem-nos de vez, ok?
Mas não, deixam lá. Sei lá pra quê. Sei lá porquê. Acho que quando se desiste dum blogue, há que apagá-lo. Pró bem e pró mal.
Tou amarga, tá bem. Mas não me tira o discernimento pra deixar de pensar nisso. Há "lixo"
electrónico perpétuo?
As coisas que eu penso. O meu juízo.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Feira do Livro do Funchal

Parece que os visitantes e as vendas estão fracos naquela que deveria ser a Festa do Livro. Foi o que ouvi algures. Cada vez se lê menos, os livros estão caros, etc., etc. Verdade. Mas quem gosta de ler, dá sempre um jeito, verdade também. No entanto, quanto a esta Feira a minha crítica vai no sentido do horário em que a mesma funciona.
Passei lá no Sábado de manhã porque pensei que seria agradável dar uma “volta pelos livros”, ver as capas, as novidades, nesse mundo de palavras que me é tão precioso. Estava fechada. E eu a pensar que ia ler um livrinho novo no fim-de-semana. Decepção a minha.
Mas quis voltar, e como durante a semana tenho uma hora e meia de tempo no período do almoço para “gastar”, aproveitei para lá ir. Estava fechada! Achei incompreensível. Afinal querem divulgar e vender livros ou nem por isso? Acho que nem por isso.
E como eu, ouvi vários comentários acerca disso, afinal nesse período de tempo são tantas as pessoas que aproveitam para dar uma volta, comprar alguma coisa... Um livro da Feira não vai ser desta, de certeza.
Agora não me venham com lamúrias de que a Feira do Livro tem falta de visitantes, de compradores, défices culturais, blá, blá blá… É que se abrissem as portinhas, ajudava. Bastante.
Da minha parte não volto a lá pôr os pés. Decididamente.
Olha, vou ali à Livraria e já venho.

Publicado nas Cartas do Leitor do DN Madeira, 18-05-2007

Lição!

É apenas uma criança de 13 anos, mas isso não a impediu de dar aos representantes de nações de todo o mundo uma lição e um enorme puxão de orelhas.
Ouçam com atenção e preparem-se para ficar emocionados. Eu fiquei...

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Lugar de Baixo: uma onda que não deixa dúvidas...




As ondas são formadas quando ocorrem ventos fortes sobre uma extensa superfície de água, estes ventos provocam os chamados “carneirinhos” que conforme se vão deslocando, se juntam e começam a apresentar uma formação mais ordenada, este conjunto de ondas torna-se assim uma ondulação (swell).
- Definição dum surfista para esta minha “Semana do Mar”.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Ilha

Deitada és uma ilha e raramente
surgem ilhas no mar tão alongadas
com tão prometedoras enseadas
um só bosque no meio florescente

promontórios a pique e de repente
na luz de duas gémeas madrugadas
o fulgor das colinas acordadas
o pasmo da planície adolescente

Deitada és uma ilha que percorro
descobrindo-lhe as zonas mais sombrias
Mas nem sabes se grito por socorro

ou se te mostro só que me inebrias
Amiga, amor, amante, amada, eu morro
da vida que me dás todos os dias

David Mourão-Ferreira

Bastava-nos amar. E não bastava
















Bastava-nos amar. E não bastava
o mar. E o corpo? O corpo que se enleia?
O vento como um barco: a navegar.
Pelo mar. Por um rio ou uma veia.

Bastava-nos ficar. E não bastava
o mar a querer doer em cada ideia.
Já não bastava olhar. Urgente: amar.
E ficar. E fazermos uma teia.

Respirar. Respirar. Até que o mar
pudesse ser amor em maré cheia.
E bastava. Bastava respirar

a tua pele molhada de sereia.
Bastava, sim, encher o peito de ar.
Fazer amor contigo sobre a areia.
Joaquim Pessoa

Único meio de sair desta ilha!


Faz o teu aqui.

Fat people!

Tabela da obesidade: Portugal está a meio da tabela enquanto que os EUA estão em primeiríssimo lugar.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Mulheres de verdade






Dove, uma das poucas multinacionais que finalmente descobriu que as verdadeiras mulheres que habitam este planeta não são exactamente as mesmas que habitam nas revistas, na tv e nos filmes. E precisamente por serem verdadeiras têm a beleza verdadeira, que é natural e não fabricada.Ao que consta as senhoras estavam um pouco renitentes em posarem nuas, mas o facto de saberem que seriam fotografadas pela Annie Leibovitz deu-lhes o incentivo decisivo.A campanha da Dove para os USA era ao início pensada para ser feita com fotos em fato de banho, mas estas fotos em nu integral começaram a ter tanto sucesso que foi decidido usá-las em todos os países onde a Dove tem esta campanha publicitária, já o anuncio televisivo foi banido nos USA, ao que parece os censores acharam que mostrava demasiada...pele.

Bjork - It's Oh So Quiet

Long time...

Antes que anoiteça


"Por razões que não vêm ao caso, as últimas semanas, difíceis para mim, têm-me obrigado a pensar no passado e no presente e a esquecer o futuro. Sobretudo o passado: tornei a encontrar o cheiro e o eco dos hospitais, essa atmosfera de feltro branco, onde as enfermeiras deslizam como cisnes, que nos tempos de interno me exaltava, o silêncio de borracha, brilhos metálicos, pessoas que falam baixinho como nas igrejas, a solidariedade na tristeza das salas de espera, corredores intermináveis, o ritual de solenidade apavorante a que assisto com um sorriso trémulo a servir de bengala, uma coragem postiça a mal esconder o medo. Sobretudo no passado porque o futuro se estreita, e digo sobretudo o passado visto que o presente se tornou passado também, recordações que julgava perdidas e regressam sem que se dê por isso, os domingos de feira em Nelas, os gritos dos leitões
(lembro-me tanto dos gritos dos leitões agora)
um anel com o emblema do Benfica que aos cinco anos eu achava lindo e os meus pais horrível, que aos cinquenta anos continuo a achar lindo apesar de achar horrível também, e julgo ser altura de começar a usá-lo uma vez que não me sobra assim tanto tempo para grandes prazeres. Quero o anel com o emblema do Benfica, quero minha avó viva, quero a casa da Beira, tudo aquilo que deixei fugir e me faz falta, quero a Gija a coçar-me as costas antes de me deitar, quero o pinhal do Zé Rebelo, quero jogar pingue-pongue com o meu irmão João, quero ler Júlio Verne, quero ir à Feira Popular andar no carrocel do oito, quero ver o Costa Pereira defender um penalti do Didi, quero trouxas de ovos, quero pastéis de bacalhau com arroz de tomate, quero ir para a biblioteca do liceu excitar-me às escondidas com a «Ruiva» de Fialho de Almeida, quero tornar a apaixonar-me pela mulher do faraó nos «Dez Mandamentos» que vi aos doze anos e a quem fui intransigentemente fiel um verão inteiro, quero a minha mãe, quero o meu irmão Pedro pequeno, quero ir comprar papel de trinta e cinco linhas à mercearia para escrever versos contadas pelos dedos, quero voltar a jogar hóquei em patins, quero ser o mais alto da turma, quero abafar berlindes
olho de boi, olho de vaca, contramundo e papa
quero o Frias a contar filmes na escola do senhor André, a falar do Rapaz, da Rapariga e do Amigo do Rapaz, filmes que nunca vi a não ser através das descrições do Frias (Manuel Maria Camarate Frias o que é feito de ti?)
e as descrições do Frias eram muito melhores do que os filmes, o Frias imitava a música de fundo, o barulho dos cavalos, os tiros, a pancadaria no «saloon», imitava de tal forma que a gente era com se estivesse a ver, o Frias, o Norberto Noroeste Cavaleiro, o homem que achou que eu lhe estava a mexer no automóvel e se desfez num berro
- Trata-me por senhor doutor meu camelo
a primeira vez que uma pessoa crescida me chamou nomes e eu com vontade de responder que o meu também era doutor, que ao entrar no balneário do Futebol Benfica para me equipar o Ferro-o-Bico explicou aos outros
- o pai do ruço é doutor
e houve à minha roda uma nudez respeitosa, o pai do ruço é doutor, quero voltar a apanhar um táxi à porta de casa e o chofer perguntar:
- É aqui que mora um rapaz que joga hóquei chamado João?
e quero tornar a espantar-me por ele tratar assim o pai do ruço, quero partir um braço e ter gesso no braço ou, melhor ainda, uma perna para andar de canadianas e assombrar as meninas da minha idade, um miúdo de canadianas
achava eu, acho eu
não há rapariga que não deseje namorar com ele e além disso os carros param para a gente atravessar a rua, quero que o meu avô me desenhe um cavalo, eu monte no cavalo e me vá embora daqui, quero dar pulos na cama, quero comer percebes, quero fumar às escondidas, quero ler o «Mundo de Aventuras», quero ser Cisco Kid e Mozart ao mesmo tempo, quero gelados do Santini, quero uma lanterna de pilhas no Natal, quero guarda-chuvas de chocolate, quero que a minha tia Gogó me dê de almoçar
- Abre a boca Toino
quero um pratinho de tremoços, quero ser Sandokan Soberano da Malásia, quero usar calças compridas, quero descer dos eléctricos em andamento, quero ser revisor da Carris, quero tocar todas as cornetas de plástico do mundo, quero uma caixa de sapatos cheia de bichos de seda, quero o boneco da bola, quero que não haja hospitais, quero que não haja doentes, quero que não haja operações, quero ter tempo para ganhar coragem e dizer aos meus pais que gosto muito deles
(não sei se consigo)
dizer aos meus pais que gosto muito deles antes que anoiteça senhores, antes que anoiteça para sempre."
António Lobo Antunes
Crónica de 15 de Dezembro de 1996, in Crónicas do Público (1996)


segunda-feira, 14 de maio de 2007

Rotina



Passamos pelas coisas sem as ver,

Gastos, como animais envelhecidos:

Se alguém chama por nós não respondemos,

Se alguém nos pede amor não estremecemos,

Como frutos de sombra sem sabor,

Vamos caindo ao chão, apodrecidos.



Eugénio de Andrade

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Janis Joplin - Me and Bobby McGee

E porque não ponho músicas mais actuais? "perguntam alguns com olhos lassos. Trazendo na mão ironias e cansaços". Porque ainda não encontrei nada de novo que me enchesse as medidas. Nada. Zero. Agora contestem.

Billie Holiday - Strange Fruit

E eu, já agora, quero-me?


"Não quero aqui ninguém. Quero ficar sozinho a medir isto, a minha doença, a minha mortalidade, o meu espanto. Por mais que repetisse

- Um dia destes

não acreditava que um dia destes chegasse. E agora, Março de 2007, veio com a brutalidade de uma explosão no peito. Não imaginava que fosse assim, tão doloroso e, ao mesmo tempo, tão pouco digno como a velhice e a decadência. Tão reles. O olhar de pena dos outros, palavras de esperança em que não têm fé, dúzias de histórias de criaturas que passaram por isso que tu tens agora e estão óptimas."
"Mói e mata. Mata. Mata. Mata. Mata. Levou-me tantas das pessoas que mais queria. E eu, já agora, quero-me?"
António Lobo Antunes

Urgentemente



É urgente o Amor,

É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos,muitas espadas.

É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas e rios

e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros,

e a luz impura até doer.

É urgente o amor,

É urgente permanecer.



- Eugénio de Andrade
Agora postaram-se todos de monte. Esta minha impaciência...

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Pink Floyd - Money

Zeca Baleiro - Lenha

A ROSA DE HIROSHIMA

Ney Matogrosso nos seus primórdios...

Chico Buarque - Teresinha

Fazer o quê? é uma paixão antiga...

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Incomunicabilidades


Não consigo postar vídeos! Que raiva! Whats up??
Olha, vou ali e já venho...

Eleições Regionais Madeira 2007: Rescaldo, a oposição na Madeira*

Uns dizem que a oposição é fraca, outros que ser oposição na Madeira é o emprego mais ingrato do mundo. Talvez uns e outros tenham razão e que um é consequência do outro. Qual deles é a causa e qual deles é o efeito deixo ao julgamento de cada um.
Não é fácil ser oposição na Madeira porque: i) o discurso oficioso é que estão a fazer oposição, não na Madeira, mas à Madeira; ii) porque não há condições democráticas para ser oposição de forma séria e em igualdade de condições; iii) porque quem não opta pelo discurso do "inimigo externo" tem dificuldades em obter votos; iv) porque não há possibilidade de provar o seu valor através dum cargo político/ público.
Sobre este último ponto há um exemplo que considero deveras revelador. Porque é que, actualmente, não há um único Presidente de Câmara da oposição na região? Já houve (Machico, Porto Santo) mas já não há. Sempre que houve, relembro, o investimento regional afastou-se do local e a câmara sofreu um estrangulamento financeiro. No dia seguinte, ou seja, mal a câmara foi recuperada pelo "partido do poder", a população foi recompensada com um investimento regional avassalador. Nenhum eleitor, nestas condições, está disposto a comprometer o futuro do local onde habita. Sobre o assunto Alberto João Jardim foi claro ao avisar, publicamente, que Câmaras da oposição não iam ter dinheiro (em plena campanha eleitoral) e acrescentou que no dinheiro do Governo Regional manda ele. Assim é difícil, muito difícil, ser oposição na Madeira.
Posto isto, defendo que Jacinto Serrão devia demitir-se. E passo a explicar.
Independentemente das nuances democráticas a que está sujeito não pode, ao mesmo tempo, chamá-las à atenção e, no seguinte, perante uma descida considerável da sua votação, não dar um exemplo democrático. Ou seja, dito de outra forma, não deve ser mais um exemplo de nuance democrática numa região que já está cravejada de nuances. Com certeza que Jacinto Serrão sente-se injustiçado, até pelos seus camaradas nacionais, mas não pode defender, ao mesmo tempo, que este não foi um referendo a uma lei nacional, que foram umas eleições regionais, e não tirar consequências dos resultados e da sua quota parte de responsabilidade. A democracia agradece e o vencido não sai de cabeça baixa.
- Concordo e assino em baixo!!
Madeira, Política Local/ Regional
*do Blogue Filho do 25 de Abril

segunda-feira, 7 de maio de 2007

A Rosa de Hiroshima


Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexactas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioactiva
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

- Vinicius de Moraes

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa!


O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que se celebra hoje, é assinalado pela organização Repórteres Sem Fronteiras com a divulgação de uma lista de 34 "predadores" de jornalistas, que inclui, pela primeira vez, cartéis de droga mexicanos.

Por ocasião do 17º aniversário da data, a RSF aponta o dedo a responsáveis políticos, a chefes de grupos armados e a líderes de cartéis da droga pelas ameaças à liberdade de imprensa, nomeadamente através da agressão e morte de repórteres. A organização atribui aos cartéis da droga a responsabilidade por uma boa parte dos 24 assassínios de jornalistas registados no México desde 2001, incluindo o do correspondente da Televisa em Acapulco, Amado Ramírez, morto no início de Abril passado.

Para a lista entraram este ano o presidente do Laos, Choummaly Sayasone, e o do Azerbeijão, Ilham Aliev - este último acusado pela RSF de condenar os jornalistas e os órgãos de comunicação contrários ao poder.

Os grupos islamitas armados do Afeganistão, Bangladesh, Iraque, Paquistão e territórios palestinianos, o rei da Arábia Saudita, Abdallah Ibn Al-Saoud, os presidentes chineses e russo, Hu Jintao e Vladimir Putine, e o líder iraniano, Ali Khamenei, são outros dos nomes indicados pela Repórteres Sem Fronteiras.

Na lista continua Fidel Castro, que passa a ter a companhia do irmão, Raul Castro, afirmando a RSF que Cuba tem 26 jornalistas nos seus cárceres, o mais recente dos quais, Oscar Sánchez Madan, foi condenado em Abril a quatro anos de prisão num julgamento sumário.

A Colômbia também continua a marcar presença na lista, devido ao chefe paramilitar Diego Fernando Murillo Bejarano e ao guerrilheiro Raúl Reyes, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que entre 1997 e 2005 sequestraram 50 jornalistas.

Na Colômbia os jornalistas são também pressionados por grupos que reúnem paramilitares desmilitarizados, caso do Águias Negras, suspeito da morte do jornalista de rádio Gustavo Rojas, em Fevereiro de 2006.

Da lista de "predadores" da liberdade de imprensa saíram o rei do Nepal e o chefe dos maoistas nepaleses, após a assinatura de um cessar-fogo no país.

A RSF recorda que, este ano, 29 jornalistas e colaboradores dos meios de comunicação foram mortos por terem exercido o seu ofício, encontrando-se 129 detidos e 13 como reféns. De acordo com dados da World Association of Newspappers no ano passado 110 jornalistas morreram no exercício da profissão. Só no Médio Oriente e Norte de África morreram 49 jornalistas, 45 deles no Iraque.
Lusa
http://www.worldpressfreedomday.org

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Saudades...


"Este desejo de te querer junto a mim é um desejo egoísta, eu sei. Quero isso mais por mim que por ti. Quando te escrevo é mais para mim que para ti.

Faço-te esta confissão de egoísmo para que saibas, meu filho, que te amo de todas as maneiras que sei amar. E mesmo assim sinto que não sei amar, que me falta estar vivo. Saberás do que falo quando desvendares alguns mistério do mundo. Assim crescerás à medida do teu sonho."

Mia Couto, in "Carta para meu filho Madyo Dawany - Raiz de Orvalho e outros poemas"

Faltam-me as palavras. Ponto.