Não costumam manifestar-se, a não ser pela oração ou pelos retratos do Dalai Lama, em que este parece estar sempre a sorrir mesmo quando está sério. Como tantos emigrantes e exilados, os tibetanos de Goa, e da Índia, são invisíveis.
Este ano, os Jogos Olímpicos mudaram tudo. E concederam-lhes a oportunidade da atenção distraída do mundo.
Os tibetanos não falam, não dão entrevistas, protestam pacificamente a sua causa e a sua razão. Uns turistas tiram fotografias, outros recolhem a cabeça enjoados com as fotografias, um silêncio culpado, colectivamente culpado, desce sobre a multidão. Nada mais distante dos corpos suados e perfeitos dos atletas do que aqueles corpos aos quais foi negada uma identidade na morte.
Vítimas sem nome e sem rosto, longe num reino do meio dos Himalaias, expostas assim aos olhares ocidentais como testemunho de violações de direitos humanos que poriam muita gente aos gritos se a China não fosse a grande e poderosa China.
Os tibetanos lá estão, entoando um cântico pacífico que só pede uma coisa: olhem para nós. Olhem para isto.
"Expresso"
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