segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A voar...


2010 chega a voar. E não se pode voar a olhar para o que fica nas costas. Eu gosto de voar, aliás, mesmo sem voar eu vou. Por favor, não me perguntem o que hoje já sei. Serviria de alguma coisa sair diariamente de casa 10 minutos mais cedo? Seria diferente? Ou ter chegado à vida adulta mais cedo? Ou viver noutro país? Convenhamos, é extraordinariamente cómodo pensarmos que, em determinada altura, optámos por uma realidade desajustada, errada até. Pensarmos que existe uma realidade paralela, mais confortável, que sempre nos acompanhou sem por ela darmos. É um capricho egocêntrico imputar responsabilidades ao que não aconteceu. Partir a conta com quem não se conhece. Pois, não é assim que as coisas se fazem. Sem a nossa presença física nenhuma realidade se satisfaz. Mesmo estando é o que é. Porque ninguém salvaria um amor que tivesse de acabar, como ninguém compreenderia os seus pais se tivesse nascido antes, como ninguém seria são se guardasse memórias da dor. A realidade não multiplica mas torna uno. Passa tudo pela aceitação, contrariamente à tábua rasa. São confortáveis estes entendimentos. O aceitar das dores em pretérito ajuda-nos a diminuir-lhes a intensidade. Continua tudo possível. As possibilidades não morrem com o tempo. Está-se sempre a tempo. A viagem na felicidade ainda se pode fazer. A nossa história é uma soma de tanto. É uma soma de tudo. Quantas destas horas as passei sem ver? Um terço? Uma década então. Aguma coisa terá ficado pelo caminho, alguma coisa terei perdido. Outra ganho… não sei bem. O que não me lembro posso ainda imaginar. A memória não se contraria. O sonho é poesia. Sonhar, melhor, imaginar é treinar com vontade. E eu, bem eu sempre treinei melhor do que joguei. Feliz 2010.

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