terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Eu, às vezes


"(...) Gestos femininos bonitos sempre, a delicadeza com que as mulheres tocam nos objectos, a harmonia dos dedos: somos pesados e sem graça, nós os homens, ao pé delas. (...)
(...) Dá-me uma paz de eternidade ver uma mulher numa casa, o modo como o seu corpo habita o espaço, a forma como vestem, de si mesmas, os compartimentos, com um simples passo, um simples olhar. (...)
(...) aqueço as mãos na saudade de ti, e aquecer as mãos na saudade de ti há-de chegar para eu ser feliz (...)
(...) O que haverá de mais eterno que ver uma menina a brincar? Em todas as mulheres, até na minha mãe, vejo uma menina a brincar. (...)
(...) Sou tanta gente às vezes (...)
(...) Não morro nunca pois não? (...)"

António Lobo Antunes - revista Visão, nº 773 de 27 de Dezembro

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