segunda-feira, 20 de abril de 2009

Acerca


dos silêncios.
Os silêncios traduzem muitas vezes o que as palavras não conseguem. Porque não se chega às palavras que se precisa ou porque se não as tem. Há silêncios elegantes que invocam respeitabilidade, como numa homenagem póstuma, e silêncios mal-educados, quando alguém não responde ao seu interlocutor.
Silenciosas são também as certezas. São porque vivem no silêncio. A certeza, quando existe, não precisa de, sejam quais forem os meios, convencer ninguém.
A incredibilidade é, também ela, muda.
O medo, o real, grande e grotesco medo – não um receio – precisa do silêncio. Deste modo, pode continuar ad eternus arrumado na despensa. Esquecido. Inexistente. Ultrapassável.
A tristeza é, também ela, silenciosa. A tristeza profunda e escondida. Aquela que vive nas lágrimas que não se convidam e que nos visitam para partilhar o silêncio.
Também o amor, o verdadeiro, é silencioso. Despe-se na cumplicidade. Veste-se na não necessidade de palavras. No silêncio.
Vivemos nas palavras. Vivemos das palavras. Vivemos, tantas vezes, no barulho.
Esquecemo-nos, outras tantas, do silêncio.
???

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